Óleos essenciais com efeito estrogênico, o que isso quer dizer?

Estrogênio é o nome dado a um conjunto de hormônios cuja ação está relacionada com o controle da ovulação e com o desenvolvimento de características femininas ao corpo humano. Existem três estrogênios endógenos principais em mulheres que possuem atividade hormonal estrogênica: estrona, estradiol e estriol. Esses hormônios geram efeitos físicos bastante perceptíveis em algumas fases do desenvolvimento dos ciclos femininos, como no caso do período pré-menstrual e na menopausa. E, muitas vezes são usados medicamentos com estrogênio sintético para poder combater sintomas da tão falada e odiada TPM.

No entanto, a cultura popular apresentou de forma bem importante a possibilidade do uso de recursos naturais para regulação dos sintomas como cólicas, inchaços, alterações de humor, desconforto nas mamas, calorões, entre outros. E da mesma forma, a aromaterapia passou a observar e comprovar a eficácia do uso de óleos essenciais para essas mesmas finalidades. Esses efeitos estão diretamente relacionados aos fitoestrógenos, que são compostos moleculares naturais das plantas, capazes de promover efeitos semelhantes ao estrogênio feminino. Embora a literatura acerca deste assunto ainda seja escassa, é possível encontrar a definição de alguns óleos essenciais como sendo estrogen-like (similares ao estrogênio), mas também outros óleos que são capazes de estimular a produção endógena deste hormônio.

Em seu livro, Aromaterapia Clínica, publicado em 2019, Jane Buckle apresenta uma lista de óleos essenciais que possuem efeito estrogênico leve, como por exemplo: Erva Doce, Sálvia Esclarea, Funcho, Murta e Anis Estrelado. Esses óleos, segundo a autora, devem ser evitados em caso de gravidez ou câncer estrogenodependentes. Outras referências da aromaterapia francesa acabam citando outros óleos que também deveriam ser evitados nesses casos, como o Cedro, Cipreste, Patchoulli e algumas outras madeiras. No entanto, não há fontes que expliquem o motivo desta contraindicação. 

Há, no entanto, novas pesquisas sendo realizadas para a identificação de um efeito estimulante na produção de estrogênio por alguns óleos. Uma pesquisa publicada no ano de 2017¹, por Shinohara et al, teve como objetivo investigar a eficácia de alguns óleos essenciais que popularmente são indicados para alívio da TPM. Como parâmetro, foram testados os índices de estrogênio salivar em mulheres antes e após a inalação da seguinte lista de óleos essenciais: Sálvia, Olíbano, Lavanda, Jasmim, Néroli, Rosa, Gerânio, Ylang-Ylang, Camomila e Laranja. Segundo os resultados obtidos, o óleo essencial de Gerânio foi o que gerou um resultado de maior significância, refletindo em índices significativos de aumento na produção de estrogênio observável através do exame salivar.

Outra pesquisa, que também buscou demonstrar o efeito de estimulação na produção hormonal feminina pode ser lida em um artigo publicado em 2018 por Simões et al. Os autores buscaram avaliar o uso de alguns óleos essenciais, como recurso para tratamento de atrofia urogenital em paciente no estágio pós-tratamento do câncer de mama, utilizando os óleos essenciais de Palmarosa, Gerânio, Lavanda e Camomila. Os resultados da pesquisa mostraram que os óleos de Palmarosa e Gerânio possuem ação estrogênica que foi, inclusive, percebida pelos autores como digna de cautela para uso em pacientes que necessitam inibição estrogênica. 

Assim, não restam dúvidas sobre como podemos utilizar os óleos essenciais como recursos de suporte para disfunções hormonais femininas. O que nos apontam também a necessidade de cuidados no uso indiscriminado dos mesmos, visto que haveria contraindicações para pacientes que necessitam de supressão do estrogênio, por ter histórico de câncer relacionado a esses hormônios. 

Referências:

Livro: BUCKLE, J. Aromaterapia clínica. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2019.

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